Sobre o Agronegócio e os ruralistas…


Não sou de dar alguma importância a entrevistas e “reportagens” da revista (Não)Veja, mas, numa discussão na lista da computação lá da Poli surgiu a discussão com relação à já conhecida dicotomia entre movimentos pró-reforma agrária e grandes proprietários rurais e alguém citou a entrevista da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) à revista (Não)Veja. Em função disso decidi tecer alguns “comentários” sobre algumas afirmações da senadora. Segue abaixo:


Eu, pessoalmente, acho a Kátia Abreu (DEM-TO) tendenciosa demais para ouvir as argumentações dela. Mas nem por isso deixei de ler a entrevista dela à revista Veja (outra que é descarada em parcialidade) enviado pelo Rafael, mas vou tentar tecer alguns comentários sem muitas opiniões minhas.

“Também é muito forte e igualmente errada a noção de que fazendeiro vive de destruir a natureza e escravizar trabalhadores.”
O Ministério do Trabalho divulgou há algum tempo atrás uma “lista suja[1] de pessoas e empresas autuadas com trabalhadores em regime de escravidão.
Dessa lista, 415 pessoas foram libertadas de regimes de trabalho escravo no estado do Tocantins (estado no qual a senadora possui suas terras e pelo qual é senadora).
Além disso, um grupo do qual faço parte fez um levantamento[2] que cruzou a “lista suja” com dados de doações para campanhas.
Desta lista que levantamos, a maior parte dos que receberam doação é do DEM.
Acrescento ainda que, de acordo com a wikipédia[3] (com fontes), “Cerca de 70% da área anteriormente coberta por floresta, e 91% da área desmatada desde 1970, é usada como pastagem.7, 8

“A ideia (que os brasileiros têm com relação aos produtores rurais) prevalente, e errada, é que o agronegócio exporta tudo o que produz, cabendo aos pequenos produtores abastecer o mercado interno. Pequenos, médios e grandes produtores destinam ao mercado interno 70% de tudo o que colhem ou criam.
Cito novamente a Wikipédia: “Além disso, o Brasil é atualmente o segundo maior produtor global de soja (atrás apenas dos EUA), usada majoritariamente como ração para animais

“Essa história de trabalho escravo também precisa ser abordada com ações que produzam respostas práticas. Nós treinamos 200 instrutores para inspecionar fazendas pelo Brasil e avaliar as condições de vida dos empregados.”
Isso só pode ser piada né? 200 pessoas conseguem fazer o que no Brasil? Nem no estado do Amapá (que não é dos maiores) eles devem dar conta do recado….

RV: Qual o interesse do governo em punir o produtor rural?
(com relação ao trabalho escravo)
KA: Isso é um componente ideológico da esquerda fundamentalista que conseguiu se manifestar no atual governo. Essa parcela atrasada da esquerda acredita apenas no coletivo e não admite a produção individual, privada.”

O combate do trabalho escravo no Brasil começou em 1995 com a criação do grupo móvel de fiscalização, que tem o objetivo de verificar denúncias e libertar trabalhadores. De 1995 a 2002, cerca de 5 500 trabalhadores foram libertados da escravidão (….) O governo FHC tem o mérito de ter criado esse sistema[4]

“Se a movimentação nos portos continuar crescendo à taxa atual, de 12% ao ano, em oito anos nós precisaremos de um outro Brasil portuário.”
Poxa, mas se ela diz que a maioria da produção agropecuária é para o mercado interno (que está em ritmo de expansão maior que o mercado externo, exceto pela China), porque essa necessidade tão grande de portos?!

“Mas fico orgulhosa quando meu nome é citado por eu ser de um estado novo, o Tocantins, por ser mulher e por representar o setor agropecuário, que nunca teve muito espaço nas chapas majoritárias e na política nacional.”
Piada dizer que o setor agropecuário não tem espaço nas chapas majoritárias e na política nacional. Só pode ser piada….
Segue a última citação com relação à wikipédia [5], neste link também existe uma lista dos políticos ligados à bancada ruralista:
Dentre as atividades da bancada (ruralista) destaca-se sua permanente atuação para impedir o efetivo o combate ao trabalho escravo nas fazendas,1 e sua feroz oposição a quaisquer medidas de preservação da ecologia e do meio ambiente, bem como o patrocínio de um projeto de lei em tramitação no Congresso2 e já aprovado no Senado, que aumenta em 150% o limite legal para desmatamentos nas fazendas da Amazônia e dá anistia aos fazendeiros que já desmataram, ilegalmente, suas propriedades nos últimos sete anos.34

Uma tese de doutorado defendida na USP pelo cientista político Leonardo Sakamotto vê uma relação entre a morosidade na apreciação dos projetos anti-escravagistas e as doações de campanha eleitoral. Segundo ele, empresas agropecuárias acusadas de utilizar trabalho escravo, seus donos e parentes fizeram doações nas eleições de 2002 e 2004 que ajudaram a eleger dois governadores, cinco deputados federais, três deputados estaduais, três prefeitos e um vereador. Ele apontou ainda três deputados federais, um estadual e três prefeitos entre proprietários ou parentes de donos de fazendas autuadas por suposto trabalho escravo.5

A bancada interfere na nomeação do Ministro da Agricultura e de diretores da área agrícola do Banco do Brasil, tendo vetado com êxito o nome de pessoas não ligadas ao agronegócio.

[1] http://www.mte.gov.br/trab_escravo/cadastro_trab_escravo.asp
[2] http://algumasnotassoltas.wordpress.com/2010/01/10/trabalho-escravo-e-eleicoes/
[3] http://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia#Causas_do_desmatamento_na_Amaz.C3.B4nia
[4] http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=129
[5] http://pt.wikipedia.org/wiki/Bancada_ruralista


2 respostas para “Sobre o Agronegócio e os ruralistas…”

  1. Otimas fontes, o wikipedia é algo muito confiavel, um website com base cientifica muito forte. hahhahaha. vc é uma piada.
    E a soja é sim um produto de exportação, mas como se grandes produtores só plantassem soja. O milho, o boi, o alho, o algodão, o arroz, o tomate industrial e tantos outros que são produzidos também por grandes produtores e são consumidos em grande parte pelo mercado interno. Sim, sei que você vai falar que o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, mas como o sr. deve ser muito mal informado, mais de 70% da carne produzida no Brasil, fica em território nacional.
    Impossivel ser contra o agronegocio. É claro que existem produtores irregulares e que exploram a ignorancia do povo, mas isto é a minoria. E este tão difamado agronegocio gera mais de 30% do PIB brasileiro, sustenta este país nas costas. Quanto a preservação da floresta e da biodiversidade, o agronegocio tem uma parcela de culpa sim, mas uma parcela muito menor do que a do governo, pois as leis não são claras e mudam o tempo todo, são leis que prejudicam o produtor para o bem de toda a sociedade. O produtor não pode ser tratado como escravo de meninos de prédio, que acham que o leite vem da caixinha e a energia da tomada, criados em um bairro nobre de São Paulo e que nunca sujaram a mão com terra.Vcs ficam vivendo de ideologias idiotas e de teorias absurdas que são inpraticaveis. Se a preservação é para o bem de todas sociedade, esta deve pagar para isto!
    Seu Bundão

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