Eleições por toda parte – e os eleitores com isso?


Este texto abaixo é o meu texto para a próxima edição do Jornal O Politécnico. Ele estava pronto já na semana passada, e o jornal deve sair somente nesta quinta-feira, mas acho que preciso divulgá-lo antes em virtude do que está acontecendo na Escola Politécnica.

Há poucas semanas atrás teve fim mais um processo eleitoral de nossos representates municipais, no qual foram eleitos Prefeitos e Vereadores.
Do ponto de vista de organização o processo eleitoral brasileira é modelo de excelência internacional. É um dos maiores, contando com 130.378.807 eleitores – sendo São Paulo o município com maior número de eleitores, 8.180.756. Além disso, é um dos mais democráticos, votam negros, brancos, alfabetizados e não-alfabetizados, mulheres e homens, índios, moradores das metrópoles, moradores de vilas longínqüas que nem energia elétrica têm. Todos têm o direito de votar, e o Estado se certifica de que todos tenham a possibilidade de exercer tal direito. E mais, em questão de 2h00 a cidade de São Paulo já sabia o resultado do primeiro turno das eleições. Em muitos países são necessárias semanas após as eleições até que se saiba o resultado.
Já do ponto de vista dos candidatos e suas proposições e atuações, o que vimos foi algo completamente diferente. Em São Paulo a sociedade civil se organizou e formou o Movimento Nossa São Paulo. Ele conta com participação de pessoas de todos os grupos e classes sociais da cidade, desde os indivíduos das classes mais baixas até altos empresários ligados a grupos como a FIESP. O Movimento Nossa São Paulo organizou, durante o ano todo, uma série de atividades com a finalidade de produzir propostas da Sociedade Civil aos candidatos à prefeitura e à Câmara de Vereadores. Quando mais próximo das eleições, foram organizados debates temáticos, nos quais foram convidados todos os candidatos à Prefeitura de São Paulo, para que tais propostas fossem entregues e para que os candidatos pudessem expor suas propostas com relação ao tema do debate. Nos dois eventos em que eu estive presente, nenhum dos “grandes nomes” foram, eles apenas enviaram um “representante do partido”. Assim, acho importante citar o nome dos que estiveram presente, naqueles que foram momentos de celebração da democracia, nos quais o eleitor comum teve a chance de fazer a sua pergunta aos candidatos e ouvir suas propostas: Edmilson Costa, Ivan Valente, Renato Reichmann e Soninha Francine.
Já os debates transmitidos pela televisão e os “propagandísticos” não serviam para apresentação de propostas. O que vimos foi um show de acusações, tentativas de difamação, mentiras, joguinhos de politicagem. A impressão que ficou para mim foi a de que o importante é estar no poder, independente se para se atingir esse objetivo seja preciso mentir, difamar, e outras coisas mais. Infelizmente os debates transmitidos pela televisão
E o que nós, eleitores, podemos/devemos fazer contra toda essa politicagem dentro da política? Nós devemos buscar as informações verdadeiras, ler os programas de cada candidato/partido, buscar como foi a atuação dele nos espaços de atuação, buscar mais de uma fonte de para cada informação. E depois de passar o processo eleitoral, nós devemos acompanhar os candidatos eleitos, independente de ter votado nele ou não! Temos, em São Paulo, por exemplo, a campanha “adote um vereador”. Temos que ficar de olho, cobrar o cumprimento das promessas!
E porque eu decidi falar sobre tudo isso? Bem, por dois motivos.
Um deles é porque eu acho os processos eleitoral e democrático importantíssimos. Mas eles não são simples e nem fáceis de lidar. Eles nos dão muito mais possibilidade de melhorar a sociedade para todos, de crescer, de que seja feita a vontade da população.
O outro motivo é que estamos vivendo o momento eleitoral na Escola Politécnica. Dessa vez, com duas chapas concorrendo! Desde de quando eu entrei aqui não havia presenciado tal “evento” (duas chapas concorrendo à gestão do Grêmio). Acho isso fantástico! Acho que estimula mais as pessoas a participarem do processo eleitoral, e também a pensar e olhar com mais cuidado para o Grêmio Politécnico.
O que me preocupa é a postura que as pessoas terão diante deste processo de “competição”. Fico preocupado, depois de ver tanta falta de sensatez democrática no processo eleitoral brasileiro, se isso vai ser replicado dentro de “nossa casa”. Afinal, convenhamos, nenhum dos “grandes” candidatos á prefeitura de São Paulo são pessoas desfavorecidas socialmente. São todas pessoas que sempre freqüentaram boas escolas, fizeram boas faculdades (Poli, por exemplo), não passaram grandes dificuldades, assim como a grande maioria dos politécnicos.
Como fui gestão do Grêmio no ano de 2007, e acompanhei, de longe na maior parte do tempo, a gestão 2008, sei muitas coisas da situação atual do Grêmio. E me preocupa ver que um dos grupos que quer ser a próxima gestão e que se diz preocupado com a instituição representativa dos alunos da Escola Politécnica esteja divulgando falsas informações há meses, principalmente por saber que tal grupo sabia das informações verdadeiras, mas mesmo assim optou por falar inverdades.
O Grêmio Politécnico tem muitos problemas, e sua comunicação com os alunos é bem falha. Porém, afirmo com certeza absoluta que isso não ocorre por falta de vontade de quem lá está. Isso ocorre porque o Grêmio é uma entidade enorme, com grandes projetos, e que demanda muito trabalho. Sem colaboração é muito mais difícil conseguir fazer tudo o que tem para ser feito (mais ainda é fazer coisas novas), e por diversas vezes encontramos pessoas ficam apenas criticando “de fora” e atrapalhando, mas não se propõem a ajudar a realizar as atividades.
Entendo que propostas de “mudanças absolutas” não são benéficas para ninguém, vide o que sempre acontece no poder público no Brasil, sempre que se mudar o grupo político que ganha a eleição, o trabalho anterior é jogado fora ou remodelado completamente, e tenta-se implementar coisas novas, geralmente sem mudança estrutural, apenas com mudanças de perfumaria, para poder ganhar nome e utilizar como mote para a eleição seguinte. A lógica de que oposição é igual a descontinuidade geral sempre impera, e em função disso não conseguimos gerar um acúmulo de conhecimento e experiência que beneficiem a todos. Porque não dar os créditos a quem é devido? Porque não trabalhar junto se existe algo de bom no vigente? A continuidade não é ruim, muito pelo contrário. Um ecossistema só se forma se houver continuidade, não se poder ficar mudando tudo.
O trabalho dos representantes discentes, por exemplo, é algo que aparece muito pouco, mas que faz uma grande diferença para a comunidade. E o acúmulo de experiência é algo fundamental para os RD’s. As comissões das quais eles fazem parte se reunem no máximo uma vez ao mês. Em função disso o tempo que se leva para entender como as coisas funcionam e começar a ser ativo e ter influência na comissão é enorme. Assim como ocorre com os RD’s de departamentos, a transição não deve ser brusca, os futuros representantes devem se aproximar dos atuais e acompanhar seu trabalho por meses antes de assumir efetivamente a posição, mesmo não podendo ir em muitas reuniões. No caso dos RD’s centrais (vinculados ao Grêmio), como existe a possibilidade de mais de um RD por comissão na maioria das vezes, essa transição deveria ocorrer durante um ano inteiro, mesclando pessoas com experiência com os “novatos”. Faz toda a diferença do mundo ter um representante discente experiênte para ajudar, orientar e incentivar quem está começando agora. Creio que o tempo de maturação para um RD é de um ano, ou seja, no primeiro ano ele aprende e no segundo ele leva a comissão e ensina os próximos RD’s.
Os RD’s da Congregação, por exemplo, conseguiram desenvolver um trabalho muito bom neste
ano dentro das reuniões. Fizeram alguns informativos e reuniões abertas com os alunos para discutir temas importantes que seriam tratados na Congregação, como a Estatuinte, por exemplo, que vem sendo discutida desde junho de 2007 na Congregação. Mas isso só foi possível em virtude de um acúmulo que o grupo já tinha, e da renovação do grupo ano a ano, sempre mesclando as pessoas, permitindo assim que o aprendizado não consumisse todo o tempo, e possibilitando-os se aproximar mais um pouco dos alunos.
Em função disso tudo, sugiro a todos os politécnicos que pesquisem antes de escolher a sua chapa. Vejam suas propostas, verifiquem se as informações que cada chapa está passando são verdadeiras (as atividades do Grêmio e seus departamentos têm ATAs, nas quais constam quem estava presente nas reuniões, além dos informes das atividades que foram feitas e quem as fez – as atas encontram-se disponíveis no Fórum do Grêmio). Confira com quem cada chapa conversou, em que projetos ela participou, quais foram as posturas que ela teve nas reuniões, qual o acúmulo que ela já tem. Não confiem apenas no que cada chapa diz! Confiram as informações! O site do Grêmio têm muita informação, o fórum também! Se tiverem dúvida em como consultar, procurem o Grêmio para saber como ter acesso, as atas das reuniões são públicas, e estão disponíveis no Grêmio e no fórum do Grêmio para qualquer politécnico!

Bem, é isso ae, que a democracia e a verdade se sobressaiam nesse processo eleitoral!

Lnks de referência:
Site do Grêmio: http://www.gremio.poli.usp.br
Fórum do Grêmio: http://www.gremio.poli.usp.br/forum
O que é a Congregação? Veja informativo na página inicial do site do Grêmio.

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