{"id":62,"date":"2008-12-07T15:16:00","date_gmt":"2008-12-07T18:16:00","guid":{"rendered":"http:\/\/diraol.wordpress.com\/2008\/12\/07\/a-pratica-dos-novos-valores"},"modified":"2008-12-07T15:16:00","modified_gmt":"2008-12-07T18:16:00","slug":"a-pratica-dos-novos-valores","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/blog.diraol.eng.br\/2008\/12\/07\/a-pratica-dos-novos-valores\/","title":{"rendered":"A pr\u00e1tica dos novos valores"},"content":{"rendered":"

Mais um texto recebido por email, esse vale \u00e0 pena ler! Fala muito sobre o que \u00e9 milit\u00e2ncia de verdade (dito por uma pessoa que tem muita experi\u00eancia pra falar!). Texto refer\u00eancia de vida!<\/p>\n

A pr\u00e1tica dos novos valores<\/span>
Frei Betto<\/span><\/p>\n

Comecei na milit\u00e2ncia aos 13 anos, em 1957. Isso significa que tenho algumas d\u00e9cadas de milit\u00e2ncia. Iniciei num movimento chamado JEC – Juventude Estudantil Cat\u00f3lica -, que me ensinou a unir f\u00e9 crist\u00e3 e luta pol\u00edtica. O Evangelho, para mim, sempre foi uma fonte de inspira\u00e7\u00e3o para a milit\u00e2ncia. Uma das grandes descobertas da minha vida foi tomar consci\u00eancia que todos n\u00f3s, crist\u00e3os, somos disc\u00edpulo de um prisioneiro pol\u00edtico.<\/p>\n

H\u00e1 quem diga que a f\u00e9 n\u00e3o tem nada a ver com pol\u00edtica. Ora, Jesus n\u00e3o morreu na cama, nem de desastre de camelo numa rua de Jerusal\u00e9m. Morreu sob dois processos pol\u00edticos, condenado \u00e0 pena de morte na cruz. Sofreu um processo pol\u00edtico movido pelas autoridades judaicas da \u00e9poca e, outro, movido pelas autoridades romanas.<\/p>\n

Ser crist\u00e3o \u00e9 querer transformar o mundo, de modo a resgatar o projeto original de Deus, aquilo que ele queria para n\u00f3s e consta da primeira p\u00e1gina da B\u00edblia: um para\u00edso na Terra. Se o para\u00edso n\u00e3o existe hoje, a culpa \u00e9 da nossa ambi\u00e7\u00e3o, do nosso ego\u00edsmo, da nossa opress\u00e3o, da nossa desigualdade.<\/p>\n

Portanto, descobri aos 13 anos que, ser crist\u00e3o, \u00e9 lutar pela transforma\u00e7\u00e3o das pessoas e do mundo. E n\u00e3o adianta perguntar o que vem primeiro: o ovo ou a galinha. \u00c9 mudando as pessoas que mudamos o mundo; \u00e9 se mudando que a mudamos o mundo; e \u00e9 mudando o mundo que nos mudamos e mudamos os outros. Est\u00e1 tudo interligado.<\/p>\n

Em 1961, aos 17 anos, fui eleito dirigente da Uni\u00e3o Municipal de Estudantes de Belo Horizonte. Naquela \u00e9poca, n\u00f3s, crist\u00e3os, faz\u00edamos alian\u00e7a, na pol\u00edtica estudantil, com militantes comunistas – contra os militantes da direita. Aprendi, ent\u00e3o, que a diferen\u00e7a entre um crist\u00e3o e um comunista pode at\u00e9 existir se um cr\u00ea e o outro n\u00e3o, mas os dois se aproximam se vivem na mesma bem-aventuran\u00e7 a da fome e da sede de justi\u00e7a.<\/p>\n

Quando eu estava preso, entre meus companheiros de cadeia, a maioria era comunista ateu. \u00c0s vezes, alguns debatiam comigo a exist\u00eancia de Deus. Eu dizia: “Cara, n\u00e3o creio em Deus, porque tenho certeza da exist\u00eancia dele, sinto que ele \u00e9 uma experi\u00eancia muito forte na minha vida. Agora, n\u00e3o vamos discutir isso n\u00e3o, pois quando a gente chegar no c\u00e9u vamos ter muito tempo para discutir essas coisas. Agora, temos que tratar de como mudar essa realidade aqui, porque \u00e9 isso o que Deus quer, para que a gente possa fazer dessa terra de injusti\u00e7a uma terra de justi\u00e7a ou, como diz a B\u00edblia, uma terra onde corra o leite e o mel”.<\/p>\n

No dia 25 de agosto de 1961, o presidente J\u00e2nio Quadros renunciou \u00e0 presid\u00eancia da Rep\u00fablica. N\u00f3s, que apoi\u00e1vamos o J\u00e2nio, tem\u00edamos que o Brasil ca\u00edsse nas m\u00e3os de uma ditadura militar, o que veio a acontecer tr\u00eas anos depois. Fomos para as ruas lutar pela volta do J\u00e2nio \u00e0 presid\u00eancia da Rep\u00fablica. Foi a primeira vez na minha vida que enfrentei pol\u00edcia e bomba de g\u00e1s lacrimog\u00eaneo, nas ruas de Belo Horizonte.<\/p>\n

Naquele dia, descobri duas coisas importantes para nossa milit\u00e2ncia. Primeiro, quem entra na milit\u00e2ncia, tem que entrar com o cora\u00e7\u00e3o; n\u00e3o basta entrar com a cabe\u00e7a. Quem entra com a cabe\u00e7a tem medo. Quem entra com o cora\u00e7\u00e3o, ama tanto a causa que defende, que enfrenta situa\u00e7\u00f5es de risco sem medo. E a segunda coisa: o contr\u00e1rio do medo n\u00e3o \u00e9 a coragem, \u00e9 a f\u00e9. Quanto mais f\u00e9 temos, mais confiamos no caminho que assumimos, certos de que esse \u00e9 o des\u00edgnio de Deus para n\u00f3s; quanto mais nos sentimos irm\u00e3os do companheiro Jesus, que deu a vida por essa causa de esperan\u00e7a e liberta\u00e7\u00e3o, menos medo sentimos.<\/p>\n

Medo n\u00f3s sentimos quando pensamos primeiro em n\u00f3s. Quando pensamos na causa, no movimento, no Brasil sem mis\u00e9ria, sem mortalidade infantil, vale a pena correr riscos.<\/p>\n

Sob a ditadura militar<\/span><\/p>\n

Em 1962, fui para o Rio de Janeiro, para ser um dos dirigentes nacionais da Juventude Estudantil Cat\u00f3lica. Dos 17 aos 20 anos, andei esse Brasil todo duas vezes, de ponta a ponta, organizando grupos de estudantes, despertando a esperan\u00e7a, abrindo a vis\u00e3o dos jovens, dando for\u00e7a para que se organizassem e entrassem na luta.<\/p>\n

Naquela \u00e9poca, acredit\u00e1vamos que o Brasil ia mudar logo, at\u00e9 porque o governo foi assumido por partidos progressistas. O presidente era o Jo\u00e3o Goulart. Ach\u00e1vamos que as tais reformas de estruturas iriam acontecer logo. Mas, ficou claro uma coisa: o Brasil, desde que foi invadido pelos portugueses, sempre foi governado por uma elite sem nenhuma sensibilidade para o social.<\/p>\n

Em 2000, comemoramos 500 anos de invas\u00e3o do Brasil. Comemoramos uma hist\u00f3ria de dor e de sofrimento. Havia cinco milh\u00f5es de \u00edndios quando os portugueses chegaram aqui; hoje, est\u00e3o reduzidos a menos de 1 milh\u00e3o. Os \u00edndios brasileiros, ao contr\u00e1rio dos \u00edndios de outros pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina, tiveram o m\u00e9rito de jamais se deixar escravizar pelos colonizadores. Devemos ter isso muito presente. Somos filhos de na\u00e7\u00f5es ind\u00edgenas que jamais o colonizador portugu\u00eas conseguiu escravizar. Dizimou, matou, afogou, queimou, mas n\u00e3o conseguiu escravizar o \u00edndio. Tanto n\u00e3o conseguiu que os portugueses tiveram que trazer da \u00c1frica homens e mulheres livres, como escravos, para trabalhar na lavoura e nas minas do Brasil. O Brasil foi o pa\u00eds das Am\u00e9ricas com o mais longo per\u00edodo de escravid\u00e3o – 320 anos. Vieram para c\u00e1, calcula-se, cerca de 10 milh\u00f5es de africanos, dos quais 5 milh\u00f5es morreram na travessia do oceano e t\u00eam o Atl\u00e2ntico como t\u00famulo.<\/p>\n

O Brasil passou de Monarquia para a Rep\u00fablica, mas a elite, infelizmente, ainda n\u00e3o mudou. Ora, em 1964, em nome dessa elite, os militares brasileiros rasgaram a Constitui\u00e7\u00e3o. Deram um golpe de estado e implantaram uma ditadura, que durou 21 anos, de 1964 a 1985.<\/p>\n

Em 1964, eu morava numa rep\u00fablica de estudantes, no Rio, muito freq\u00fcentada por dirigentes estudantis. Muitas vezes dormia l\u00e1 o Betinho, que todos conheceram da campanha da fome. Nossa rep\u00fablica foi invadida pelo servi\u00e7o secreto da Marinha, a 6 de junho. Acordei com uma arma na cabe\u00e7a Eram quatro horas da manh\u00e3. Achei que era um pesadelo. Virei-me de lado. Um sujeito cutucou as minhas costas com a metralhadora. Ent\u00e3o me dei conta de que era realidade, e n\u00e3o pesadelo. Fomos todos presos, levados para o quartel dos Fuzileiros Navais, na Ilha das Cobras. Ao chegar l\u00e1, vi uma montanha de livros numa sala. Livros que eles tinham apreendido, naquela noite, na casa de v\u00e1rios militantes que foram presos.<\/p>\n

Foi a primeira vez que senti na pele o que \u00e9 uma ditadura militar. Ficamos detidos s\u00f3 15 dias, a maior parte do tempo em pris\u00e3o domiciliar. Depois, descobrimos que a luta contra a ditadura n\u00e3o podia se restringir \u00e0s manifesta\u00e7\u00f5es estudantis. Tinha que ser uma luta mais profunda, o que nos fez desencadear, inclusive, a luta armada.<\/p>\n

Ainda hoje, lutamos por direitos fundamentais. A nossa luta ainda n\u00e3o \u00e9 por direitos humanos. Explico. \u00c0s vezes, quando viajo para fora do Brasil, me perguntam: “Como \u00e9 a luta de voc\u00eas, no Brasil, por direitos humanos?” Eu respondo: “Falar em direitos humanos no Brasil \u00e9 luxo. Infelizmente, ainda lutamos por direitos animais, porque isso de comer, defender-se do frio, educar a cria, \u00e9 coisa de bicho, que a maioria da popula\u00e7\u00e3o do meu pa\u00eds ainda n\u00e3o tem assegurada pelas estruturas pol\u00edticas.”<\/p>\n

Precisamos mudar esse pa\u00eds. Mas tendo claro quais os nossos m\u00e9todos adequados de luta. Isso \u00e9 curioso: quem decide os nossos m\u00e9todos n\u00e3o somos n\u00f3s. \u00c9 a elite que governa o Brasil. Podemos e devemos lutar na legalidade e na legitimidade. Devemos esgotar todas as formas de lutas e todas as formas leg\u00edtimas e legais pos
\ns\u00edveis. Mas, quem diz, a um certo momento, que determinadas formas de luta j\u00e1 n\u00e3o s\u00e3o mais poss\u00edveis? O governo e a elite que controlam o pa\u00eds.<\/p>\n

Durante muito tempo, sob a ditadura, a nossa luta no movimento estudantil expressava-se em grandes manifesta\u00e7\u00f5es, passeatas, protestos. At\u00e9 que a ditadura proibiu todas as formas democr\u00e1ticas e legais de luta. Diante de uma ditadura que nos reprimia com armas, tanques, metralhadoras, fuzis, pris\u00e3o, tortura, morte e desaparecimento de companheiros, n\u00e3o nos restou outra alternativa sen\u00e3o a resist\u00eancia armada.<\/p>\n

O meu “crime” foi fazer contrabando de gente\u0160 Por isso fui preso em 1969. Estive um m\u00eas detido no Rio Grande do Sul; depois, fui levado para S\u00e3o Paulo. Ali fiquei dois anos preso, sem julgamento. N\u00e3o tinha id\u00e9ia se ia sair vivo da pris\u00e3o, nem se ia ficar dois, tr\u00eas, dez ou quinze anos. Dois anos depois, fui condenado a quatro anos de pris\u00e3o. Meu advogado fez o recurso, pedindo a redu\u00e7\u00e3o da pena. Ela foi reduzida, de quatro para dois anos, faltando um m\u00eas para eu completar os quatro anos de cadeia. De modo que tenho dois anos de cr\u00e9dito com a liberdade\u0160<\/p>\n

As li\u00e7\u00f5es da pris\u00e3o<\/span><\/p>\n

A pris\u00e3o foi uma grande escola para todos n\u00f3s que sobrevivemos a ela. Infelizmente muitos companheiros morreram na pris\u00e3o, como frei Tito de Alencar Lima que, aos 24 anos, foi torturado at\u00e9 \u00e0 loucura. A pris\u00e3o \u00e9 um sofrimento, mas tem duas grandes vantagens. Primeiro, ali pode-se falar de tudo, porque n\u00e3o h\u00e1 o perigo de ser preso. Segundo, aprende-se a deixar de ser ego\u00edsta.<\/p>\n

Nosso grande inimigo n\u00e3o \u00e9 a elite, o capitalista ou o opressor. O grande inimigo est\u00e1 dentro de n\u00f3s. \u00c9 o homem velho ou a mulher velha que carregamos no cora\u00e7\u00e3o. Esse \u00e9 o grande inimigo, e que, muitas vezes, se disfar\u00e7a de combatente, de militante, de revolucion\u00e1rio. Enche a boca de palavras novas mas, no fundo, \u00e9 movido pela vaidade, pela pretens\u00e3o, pela vontade de estar por cima do outro, pela ambi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Isso \u00e9 uma das coisas que me doem quando olho para tr\u00e1s: vejo companheiros que foram para a pris\u00e3o comigo, assumiram riscos de vida na luta aqui fora, provocava inveja a firmeza que demonstravam; diante deles eu me perguntava: “Saindo da cadeia, serei ao menos 10% militante como eles?” Mas esses companheiros, ao sairem, foram cooptados, engolidos pelo sistema, n\u00e3o souberam cultivar neles os valor do homem novo e da mulher nova. Deixaram-se levar pela ambi\u00e7\u00e3o, pela maracutaia da pol\u00edtica, pelo uso da mentira para conquistar posi\u00e7\u00e3o, por um poderzinho de sindicato, de movimento popular, pela convic\u00e7\u00e3o de ser melhor do que o coletivo ou, tamb\u00e9m, pelo excesso de milit\u00e2ncia.<\/p>\n

Quem se gaba: “Sou um super militante, participo do MST, da CUT, dos movimentos populares, da pastoral, estou em todas”. Eu respondo: “N\u00e3o, voc\u00ea n\u00e3o \u00e9 militante, voc\u00ea \u00e9 um militonto”. Militante que n\u00e3o ri, n\u00e3o faz festa, n\u00e3o tira f\u00e9rias, n\u00e3o namora, n\u00e3o se diverte\u0160 comece a desconfiar dele, porque vai dar zebra. Como dizia o companheiro Che, n\u00e3o se pode ser apenas duro, perdendo a ternura. Por qu\u00ea? Porque como temos que parar para dormir, descansar a cabe\u00e7a, temos tamb\u00e9m que parar para nos divertir, celebrar, resgatar as energias. Caso contr\u00e1rio, nossa sa\u00fade ps\u00edquica vai para o brejo. Come\u00e7amos a ficar duro com os companheiros, agindo como militante fariseu, e n\u00e3o como militante sadio. O militante fariseu \u00e9 aquele que \u00e9 duro com os outros, mas n\u00e3o consigo mesmo; o sadio \u00e9 tolerante com os outros e exigente consigo. Mas, essa exig\u00eancia tem que apoiar-se na festa e na f\u00e9. Isso \u00e9 fundamental.<\/p>\n

A repress\u00e3o da ditadura conseguiu acabar com todos os movimentos armados. Por que nos derrotou? Onde falhamos? T\u00ednhamos quase tudo: coragem – v\u00e1rios companheiros deram a vida na luta -, teorias, armas, dinheiro das expropria\u00e7\u00f5es banc\u00e1rias etc. Faltou um detalhe: apoio popular. N\u00e3o t\u00ednhamos o principal e, por isso, a ditadura conseguiu criar um fosso entre n\u00f3s e o povo.<\/p>\n

Quando come\u00e7amos a achar que somos a vanguarda, que o povo n\u00e3o sabe, \u00e9 ignorante, atrasado\u0160 sem querer come\u00e7amos a fazer o jogo da direita, porque tudo o que ela quer \u00e9 que a vanguarda fique separada da massa. A minha gera\u00e7\u00e3o sentiu isso na resist\u00eancia armada. Ora, um revolucion\u00e1rio assume todas as dimens\u00f5es importantes para o povo, e uma dessas dimens\u00f5es \u00e9 a religiosidade. Fico muito desconfiado de companheiros que fazem um cursinho por a\u00ed, aprendem meia d\u00fazia de teorias revolucion\u00e1rias e j\u00e1 saem torcendo o nariz para a f\u00e9 do povo. Isso \u00e9 um perigo. L\u00eanin, que n\u00e3o era m\u00e9dico, mas entendia de revolucion\u00e1rio, j\u00e1 tinha diagnosticado isso. Chamou de esquerdismo, “a doen\u00e7a infantil do comunismo”. H\u00e1 que estar atento a esse sintoma.<\/p>\n

Temos que dar passos no ritmo do povo, para ajud\u00e1-lo a caminhar no ritmo das mudan\u00e7as sociais. Se a minha av\u00f3 e a minha m\u00e3e s\u00e3o agricultoras semi-analfabetas, e n\u00e3o est\u00e3o entendendo a conjuntura, o problema n\u00e3o \u00e9 delas, o problema \u00e9 meu. Como militante tenho que encontrar uma pedagogia, de modo que elas venham a entender a nossa l\u00edngua. Que o povo n\u00e3o entenda certas coisas, isso n\u00e3o \u00e9 problema, \u00e9 resultado do sistema de domina\u00e7\u00e3o em que vivemos.<\/p>\n

O trabalho com o povo<\/span><\/p>\n

Sa\u00ed da pris\u00e3o em 1973 e fui viver em uma favela, em Vit\u00f3ria, no Esp\u00edrito Santo. Vivi ali cinco anos. Ao chegar l\u00e1 torci o nariz, porque domingo, dia em que eu podia encontrar os vizinhos, ficava todo mundo trancando dentro de casa, vendo programas de audit\u00f3rio. E eu dizia: “Como esse povo \u00e9 alienado, passa o domingo vendo bobagem na TV” At\u00e9 descobrir que o alienado era eu, que n\u00e3o entendia por que que o povo ficado ligado na TV. Descobri que o povo v\u00ea programas de entretenimento porque \u00e9 muito pobre e n\u00e3o tem dinheiro para passear no domingo, n\u00e3o tem espa\u00e7o para ir no teatro. A \u00fanica maneira de distrair a cabe\u00e7a e n\u00e3o pensar no sufoco da vida \u00e9, no fim de semana, sentar diante da TV e ficar vendo as bobagens.<\/p>\n

Como \u00e9 importante conhecer a cabe\u00e7a do povo e n\u00e3o achar que a nossa cabe\u00e7a entende tudo, porque pensamos diferente. Se n\u00e3o tomamos cuidado, acabamos como aquele vig\u00e1rio que resolveu tirar as imagens da igreja e p\u00f4s a de S\u00e3o Sebasti\u00e3o na garagem da casa paroquial. No domingo, a igreja estava vazia. Todo mundo se reuniu na garagem da casa paroquial. Ou seja, ele nem perguntou para o povo se queria ou n\u00e3o que tirasse a imagem. Achou que sabia o que era bom para o povo e quebrou a cara, porque o povo tem uma rela\u00e7\u00e3o com os santos que \u00e9 diferente da rela\u00e7\u00e3o do vig\u00e1rio.<\/p>\n

Ap\u00f3s anos na favela, fui para S\u00e3o Paulo, onde trabalhei mais de 20 anos, sobretudo no ABC. Participei de todas aquelas greves dos metal\u00fargicos. O que aprendi ao longo daqueles anos? Aprendi algumas coisas importantes. S\u00f3 vamos construir a nova sociedade se come\u00e7armos agora, e come\u00e7armos por cada um de n\u00f3s. Ningu\u00e9m vai poder construir a sociedade nova deixando os nossos defeitos virarem tiririca na sociedade velha. Trabalhei muitos anos nos pa\u00edses socialistas. Estive na R\u00fassia, na China, em Cuba in\u00fameras vezes, na Nicar\u00e1gua, na Tchecoslov\u00e1quia, na Pol\u00f4nia e na Alemanha Oriental, antes da queda do muro de Berlim. Se me perguntassem: “Por que o socialismo fracassou na Europa e caiu o muro de Berlim?” eu responderia: “Porque quiseram construir uma casa nova com material velho.” N\u00e3o d\u00e1. Se queremos construir uma sociedade nova, temos que fazer esfor\u00e7o, desde agora, para sermos homens e mulheres novos. Em nome da casa nova n\u00e3o podemos agir de uma maneira velha. Podem ter certeza, n\u00e3o d\u00e1 para construir casa nova com material velho. Bate um p\u00e9 de vento da hist\u00f3ria e vem tudo abaixo, como o Muro de Berlim foi abaixo e nos desmoralizou, porque defendemos o socialismo como uma etapa superior de sociedade.<\/p>\n

Outro fator que explica o fracasso do socialismo no Leste europeu: o ser humano tem duas grandes fomes – a de p\u00e3o e a de beleza. Beleza, \u00e9 tudo isso que
\nd\u00e1 sentido \u00e0 vida, tudo isso que n\u00e3o \u00e9 material, mas \u00e9 simb\u00f3lico, essencial. Fome de beleza \u00e9 a fome de amor, de festa, de alegria, de f\u00e9; \u00e9 a fome de amizade e de companheirismo. A primeira fome o socialismo respondeu – a de p\u00e3o, malgrado as dificuldades. Mas, infelizmente, n\u00e3o respondeu \u00e0 segunda, a fome de beleza. Por qu\u00ea? Porque era tudo de cima para baixo. O povo n\u00e3o tinha direito de sonhar como gostaria. Ent\u00e3o, a cabe\u00e7a do povo come\u00e7ou a sonhar com o sonho do capitalismo, como se fosse melhor, e o povo acabou indo para a rua, para derrubar o socialismo, para virar capitalismo. Hoje aquele povo sabe que vive numa situa\u00e7\u00e3o pior do que no socialismo. Mas, agora \u00e9 tarde.**<\/span><\/p>\n

Para n\u00e3o cometer os mesmos erros no futuro e atuar bem no presente, temos que conhecer a hist\u00f3ria do passado e ousar assumir aqueles valores que criam condi\u00e7\u00f5es de construir o homem e a mulher novos. Hoje, a \u00e9tica \u00e9 um imperativo revolucion\u00e1rio.<\/p><\/blockquote>\n

* Frei Betto \u00e9 escritor e autor, em parceria com Domenico de Masi e Jos\u00e9 Ernesto Bologna, de “Di\u00e1logos Criativos” (DeLeitura), entre outros livros.
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Mais um texto recebido por email, esse vale \u00e0 pena ler! Fala muito sobre o que \u00e9 milit\u00e2ncia de verdade (dito por uma pessoa que tem muita experi\u00eancia pra falar!). Texto refer\u00eancia de vida! A pr\u00e1tica dos novos valoresFrei Betto Comecei na milit\u00e2ncia aos 13 anos, em 1957. 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